Terça-feira, 2 de Março de 2010

Foto de Maria da Graça Gomes
De M. Oliveira a 2 de Março de 2010 às 09:50
A cancela, artisticamente executada e habilmente adornada, é a entrada para um caminho de terra marginado de giestas, que se abre entre pinhais e vinhedos.
Das montanhas, escuras e pedregosas, que a cercam, descem regatos de água límpida e cristalina,
formando pequenas quedas de água, que cantam no silêncio da paisagem.
Há, também, o Calvo, ali ao lado, que nos invernos chuvosos salta as margens, arrebatador, inunda os campos, ocultando as margens, e há os moínhos, a que o rio já deu vida. Moeram cereais, muitos e, aos poucos, iam moendo as vidas de quem neles labutava dia e noite.
Entre um verde arrebatador e as casas tradicionais, de gente franca e hospitaleira, partimos e levamos na memória a calma, a paz desta paisagem transmontana.
E há também outras memórias. As de um menino/homem que pisou este chão de mão dada com o pai, enquanto pensava:
O meu pai é um grande homem. Trabalha tanto e nunca está cansado!
Para ele, esse homem /menino, vai dedicado este texto:
«O meu pai era lavrador; trabalhava a terra.
Muitas vezes eu ia com o pai para o campo.
Levantava-me cedo, às vezes ainda com os olhos mal abertos.
No trabalho o meu pai cantava.
A pá da enxada brilhava à luz, manejada pelo seu braço forte. E eu com um sachinho na mão, tentando ajudar, pensava:
Meu pai é um grande homem. Trabalha. Trabalha e canta!»
As cancelas também encerram estas histórias de afectos e ternura...
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